sábado, 8 de julho de 2017

Baile

Meia-noite. MC Cinderela perde seu sapato no baile funk. Adivinha quem o encontra? O príncipe encantado? Não, o MC Sapão.


* O conto ‘Baile’ foi selecionado para publicação pelo 7º Concurso de Microcontos de Humor de Piracicaba, promovido pela Secretaria Municipal de Ação Cultural de Piracicaba.

** Para ler microcontos do mesmo autor selecionados em edições anteriores do Concurso de Microcontos de Humor de Piracicaba, acesse:
Palavras da patroa
Avante
Toca Raul

*** Leia também outros microcontos do autor:
Não queria filhos
Foi sua primeira e última explosão no trabalho
Viviam entre sorrisos e gargalhadas
Por ordem da Vitória-Régia
Presenciara muitas coisas na vida

Regulamento do II Concurso Literário Internacional Palavradeiros (2017)

Obs. 1: O item 4.6 foi modificado, passando a exigir também o nome do poema que inspirou o conto inscrito.
Obs. 2: Inscrições prorrogadas até 11 de setembro.


Regulamento
II Concurso Literário Internacional Palavradeiros

1.      DOS OBJETIVOS
1.1.   O II Concurso Literário Internacional Palavradeiros, evento promovido pelo Espaço de Leitura e Pesquisa em Artes Aldenor Pimentel, do Espaço Cultural Harmonia e Ritmo, tem por objetivo incentivar a produção literária e descobrir novos talentos da literatura brasileira;
1.2.   O concurso é uma homenagem a Aldenor Pimentel, jornalista, roraimense, doutorando em Comunicação, poeta, escritor, cineasta, militante, consultor e parecerista na área da cultura. Aldenor Pimentel é autor da obra Deus para Presidência (2015) e recebeu mais de 30 prêmios e menções honrosas em concursos nacionais de contos, crônicas e poemas;
1.3.   Esta edição homenageia ainda Eliane Araújo, por sua atuação de incentivo à leitura, como professora de Língua Portuguesa e Literatura, em Juiz de Fora (MG) e Boa Vista (RR), durante 27 anos de magistério, nos séculos XX e XXI.
2.      DAS PARTICIPAÇÕES
2.1.   Poderá concorrer qualquer pessoa, independente de nacionalidade e local onde more, com obras inéditas, em Língua Portuguesa, desde que observem as exigências de cada categoria e, para fins de premiação, o item 7.8;
2.2.   A publicação em blogs pessoais e redes sociais não invalida o ineditismo;
2.3.   As obras da categoria Videopoesia estão dispensadas da obrigatoriedade de ineditismo;
2.4.   Fica vetada a participação de membros das Comissões Organizadora e Julgadora.
3.      DAS CATEGORIAS E TEMAS
3.1.   Categoria Poesia: tema livre;
3.1.1.     A categoria Poesia será restrita a alunos de escolas de ensino fundamental e médio de Roraima;
3.2.   Categoria Conto: o conto pode ser de autoria de qualquer pessoa, independente de idade, e deve ser inspirado em um poema de autor roraimense ou morador de Roraima publicado em livro;
3.3.   Categoria Videopoesia: o trabalho pode ser dirigido por qualquer pessoa, independente de idade, e deve ser a versão em videopoesia de um poema de autoria de Aldenor Pimentel, conforme anexo deste regulamento;
4.      DAS INSCRIÇÕES
4.1.   As inscrições estarão abertas de 31 de julho a 30 de agosto 11 de setembro de 2017, às 23h59;
4.2.   Somente serão aceitas inscrições via correio eletrônico, endereçadas a aldenorpimentel@gmail.com, com o texto literário escrito em anexo, em formato .doc ou .docx, no caso das categorias Poesia e Conto;
4.3.   No caso da categoria Videopoesia, deve ser enviado o link do vídeo em sites como youtube, vimeo, etc.;
4.4.   O videopoema deve conter os créditos do texto literário e da equipe participante do vídeo, inclusive da locução e da trilha sonora, se houver;
4.5.   Para a categoria Poesia, devem ser informados no corpo do e-mail: título do poema, nomes completo e artístico do(a) poeta, categoria, escola, cidade, telefone de contato do(a) aluno(a), nome, telefone e e-mail do(a) professor(a) que orientou o trabalho. A inscrição pode ser feita pelo(a) professor(a);
4.6.   Para as categorias Conto e Videopoesia, devem ser informados, no corpo do e-mail: título do trabalho (conto, videopoema), nomes completo e artístico do(a) contista/diretor(a), categoria, cidade, Estado, país, telefone de contato, currículo ou texto de apresentação resumido e, no caso da categoria Conto, nome do poema que inspirou o conto e do livro em que esse poema foi publicado;
4.7.   Cada participante só poderá concorrer com um único trabalho em cada categoria;
4.8.   Os poemas devem ter até 25 versos (linhas efetivamente escritas) e os contos, até 2.000 (dois mil) caracteres, com espaço.
5.      DO JULGAMENTO
5.1.   Não caberá recurso à decisão da Comissão Julgadora;
5.2.   A Comissão Julgadora poderá conceder Menção Honrosa para um ou mais trabalhos, se assim julgar necessário;
6.      DO RESULTADO E DA PREMIAÇÃO
6.1.   O resultado será comunicado por e-mail aos inscritos em data anterior à premiação;
6.2.   O resultado final será divulgado publicamente até o dia 22 de dezembro de 2017;
6.3.   Será concedida premiação em dinheiro aos três primeiros colocados de cada categoria, conforme abaixo:
6.3.1.     Categoria Poesia
1º lugar: R$ 100,00 para o(a) aluno(a) e R$ 25,00 para o(a) professor(a);
2º lugar: R$ 50,00 para o(a) aluno(a) e R$ 25,00 para o(a) professor(a);
3º lugar: R$ 25,00 para o(a) aluno(a) e R$ 25,00 para o(a) professor(a).

6.3.2.     Categoria Conto
1º lugar: R$ 100,00;
2º lugar: R$ 50,00;
3º lugar: R$ 25,00.

6.3.3.     Categoria Videopoesia
1º lugar: R$ 100,00;
2º lugar: R$ 50,00;
3º lugar: R$ 25,00.

6.4.   Os finalistas citados no item 6.3, incluindo os professores, receberão certificado de premiação;
6.5.   Os finalistas citados no item 6.3 que estiverem presentes na solenidade de entrega dos prêmios receberão ainda premiação complementar, a ser definida pela Comissão Organizadora;
6.6.   A premiação será realizada, em Boa Vista-RR, na data provável de 27 de janeiro de 2018;
6.7.   Os trabalhos vencedores poderão ser apresentados, no todo ou em parte, na solenidade de premiação, pelo(a) autor(a) ou por terceiros, indicados pela Comissão Organizadora.
7.      DISPOSIÇÕES GERAIS
7.1.   As datas previstas neste regulamento podem ser alteradas, a qualquer momento, pela Comissão Organizadora;
7.2.   A inscrição implica automaticamente a aceitação das condições deste regulamento, bem como a autorização para a publicação das obras inscritas em quaisquer suportes que a Comissão Organizadora julgar conveniente. Portanto, o(a) autor(a) assume total responsabilidade pela autoria, podendo responder por plágio, cópia indevida e demais crimes previstos em lei, inclusive, por trilhas sonoras e imagens usadas indevidamente nos videopoemas;
7.3.   Os premiados concordam e permitem a divulgação de seus nomes e imagens para a divulgação do concurso, sem qualquer ônus para os realizadores;
7.4.   A premiação citada no item 6.3 inclui o pagamento de direitos autorais para o caso de publicação, em forma de livro, dos textos literários finalistas deste concurso;
7.5.   Por conta do previsto no item 7.4, os exemplares da antologia, se houver, serão vendidos ao mesmo custo para autores e não autores, que, para tanto, deverão contatar a Comissão Organizadora e arcar com os custos da publicação e do frete, quando for o caso;
7.6.   Os vencedores que não puderem estar presentes na solenidade de premiação terão 30 (trinta) dias para retirar a parte do prêmio que não for em dinheiro, quando for o caso, no endereço fornecido pela Comissão Organizadora;
7.7.   Caso o vencedor não forneça à Comissão Organizadora as informações necessárias para a entrega da premiação, tais como conta bancária, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data de solicitação formal após a divulgação do resultado final, perderá o direito ao prêmio;
7.8.   Somente será realizado depósito/transferência do prêmio citado no item 6.3 para conta de banco localizado no Brasil, ou seja, que não exija transferência internacional, mesmo no caso de residentes em outros países;
7.9.   O não cumprimento de qualquer item do regulamento implicará desclassificação automática da obra inscrita;
7.10.                   A Comissão Julgadora poderá não atribuir qualquer dos prêmios desde que considere haver falta de qualidade nos trabalhos apresentados;
7.11.                   Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão Organizadora.

A versão em pdf do regulamento pode ser baixada aqui. 

Anexo: Poemas publicados de Aldenor Pimentel
1.      Herança Negra
1.1. Selecionado para publicação, no livro Poesia Todo Dia, pelo concurso cultural Poesia Todo Dia, realizado em 2013 pela editora AlphaGraphics. 

1.2. Menção honrosa do XI Prêmio Literário Galinha Pulando (2014), realizado pelo escritor Valdeck Almeida de Jesus, sendo selecionado para publicação: http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/BSU_Data/Books/N1420918014501/Amostra.pdf

1.3. Publicado na revista Gente de Palavra (ed. 50, nov. 2016): http://gentedepalavra.com.br/wp-content/uploads/2013/03/Revista-Gente-de-Palavra-50.pdf


2. Êxodo
2.1. Publicado na revista Semeadura (ed. I, 2017): https://drive.google.com/open?id=0B4j9Mu5Vg5LBOUhDYUM2X1l3WDQ

3. Poema de Sacanagem
3.1. Selecionado para publicação, pelo X Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, no livro ‘Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus – 2013’: http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/bsu_data/books/n1392723811606/amostra.pdf

3.2. Publicado na Revista Pacheco: http://revistapacheco.blogspot.com.br/2014/06/cafe-literario-poema-de-sacanagem.html

3.3. Uma versão ampliada do poema foi publicada ainda no livro Retalhos II, organizado por Aroldo Pinheiro.

4. Sem Razão
4.1. Selecionado para publicação no site da Revista Philos: https://revistaphilos.com/2017/04/30/olhar-por-aldernor-pimentel

4.2. Publicado na revista Gente de Palavra (ed. 48, set. 2016): http://gentedepalavra.com.br/wp-content/uploads/2013/03/Revista-Gente-de-Palavra-48.pdf

4.3. Publicado na revista Semeadura (ed. I, 2017): https://drive.google.com/open?id=0B4j9Mu5Vg5LBOUhDYUM2X1l3WDQ

5. Poema Esdrúxulo
5.1. Selecionado para publicação no livro Versando Rebeldia, antologia da I Mostra Nacional de Poesias da Reforma Agrária.

Obs.: todos os poemas acima podem ser encontrados no blog artedealdenorpimentel.blogspot.com

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Era Todo Ouvidos (ou O Ouvidor Real)

Depois de décadas de tirania, o imperador e rei estava finalmente morto. O anúncio, feito pelo porta-voz da Coroa, do púlpito do Palácio, foi recebido pela multidão com silenciosos vivas. Era o fim de uma era.
O imperador não deixara filhos. O trono estava vazio. Com apreensão, aguardava-se o nome do sucessor. Pelos corredores do Palácio, especulava-se, aos cochichos, quem seria o dito-cujo. Em seu testamento, Sua Majestade, sem explicitar os motivos, deixara o trono ao menos cotado da Corte: o ouvidor.
O novo imperador, ao falar, pela primeira vez, à multidão, prometeu novos tempos. O discurso foi ouvido com intensos aplausos e sonoros vivas. E como não ver o amanhecer com sorriso nos olhos, quando nosso futuro está nas mãos daquele que sempre nos ouviu, mesmo quando a ordem era endurecer?
Como ouvidor, do nascer ao pôr-do-sol, do primeiro ao último das filas que se formavam em volta do Palácio, por todos aqueles anos, ele recebia, um a um, em sua sala, e ouvia com atenção, as mais distintas queixas e lamúrias.
Um dia, um triste acontecido fez-me ir até o mais novo imperador. Como sempre, do fim da fila, não se viam as portas do Palácio. Terminada a longa espera, contei a Sua Majestade que um dos seus homens, ao coletar impostos, me levou além do devido. Dos cinco sacos de estopa cheios de frutos que eu colhera por aqueles tempos, deixou-me, não os quatro, como de costume, mas tão só um.
Como eu esperava, o imperador, demonstrando insatisfação com o que ouvira, mandou chamar o tal homem. Cobrou-lhe explicações e o repreendeu na minha presença. Por fim, ordenou-lhe que me devolvesse o que era meu por direito.
— Sim, Majestade — acatou o súdito, sem levantar a vista.
O homem foi lá dentro e, antes que voltasse com minha colheita, agradeci ao imperador o que fizera. O coletor de impostos devolveu-me meus quatro sacos de estopa, aparentemente vazios. Olhei dentro e não vi mais que dois ou três frutos em cada um deles. Desconcertado, sorri um sorriso amarelo e pensei: “Se fossem outros tempos, nem isso eu teria.” Voltei para casa, com os sacos de estopa quase vazios sobre os ombros.
— Para começar, está bom. Vai melhorar — disse eu a mim mesmo, resignado.
Não tardou muito e aquele triste episódio me voltou a acontecer: o coletor de impostos levara-me novamente mais do que devia. Aliás, dos cinco sacos de estopa com frutos, agora ele me deixara a mísera metade de um dos sacos, e não um saco repleto de frutos, como outrora.
Tomado pela ira, repeti o ritual. Fui ao Palácio. Após enfrentar a interminável fila, relatei o ocorrido ao imperador, que esbravejou indignado contra o coletor de impostos, que, por sua vez, sem levantar a vista, me trouxe meus sacos de estopa vazios, ou quase.
Enquanto o homem fora pegar o imposto a mais que de mim coletara, pude ver, pela porta entreaberta, a sala de jantar do Palácio. A mesa estava posta. Deduzi que a ceia já esperava o imperador. Olhei com mais atenção e meus olhos encontraram, entre as iguarias à mesa, grande porção dos frutos que eu mesmo colhera e que me foram tomados indevidamente. Compreendi que o imperador não só sabia dos atos reprováveis do coletor de impostos, como era o principal beneficiário deles. Foi aí que não consegui mais conter minha ira.
— Majestade... — da minha boca escapulia o vocativo real.
— Pois não, súdito meu.
— Perdão, Senhor, mas preciso lhe dizer algo que me incomoda e o atinge diretamente.
— Sou todo ouvidos e assim será. Fale.
Como me fora concedido o direito à palavra, externei o que notara e as impressões acerca das injustiças que me eram infligidas, sob as barbas do imperador.
— Desde já, entristece-me, Majestade, pensar na possibilidade de que, aquele em quem depositamos nossas esperanças, tornou-se nosso algoz. Dói-me menos a barriga vazia que tomar ciência de que vossos banquetes sejam regados pela nossa fome; que vossa gula se alimente da nossa carência; que o que sobre em vossa mesa, nos falte; que, daquilo que Vossa Majestade esbanje, nos restem não mais que migalhas; que vosso deleite seja nossa dor.
Acreditava eu que, sendo o imperador homem tão justo, reconheceria as próprias falhas e repararia os malfeitos. De seu lado, Sua Majestade não desviou o olhar, tampouco me interrompeu uma única vez. Seu semblante conservava-se sereno o tempo todo. Após ouvir meu desabafo, chamou a guarda e voltou a me escutar: aos berros, eu clamava que cessassem em mim aquela horrenda tortura, em vão. Implorei que, ao menos, meus carrascos abreviassem minha dor e me matassem sem demora, mas eles não me deram ouvidos.
Não bastassem os socos e pontapés por todo o corpo, por fim, cortaram-me a língua. Minha boca já não articulava palavra alguma: agora, eu era, tão só, medo, sangue e dor. Como bom ouvinte que sempre fora, o imperador ouvia tudo de perto. Ouviu-me até o fim. Até meu fim, foi todo ouvidos.

* O conto foi selecionado para publicação I Edital da Revista Literária Digital Motus (Movimento Literário Digital).