Anita era uma criança de olhos e orelhas bem grandes e reparava em tudo o que os adultos faziam e diziam. Uma coisa ela não entendia: por que gente grande fala palavras enormes e complicadas?
Certa vez, uma amiga de sua mãe, quando esteve na casa da família, veio com umas dessas:
— Qual o nomezinho dessa garota fofinha?
— O quê?
— O seu nome...
— Ah, é Anita.
E quando a menina foi conhecer o trabalho do pai, então... nem imaginava o que ouviria:
— Quantos aninhos tem essa menininha linda?
— Como?
— Quantos anos você tem?
— Ah, quatro.
Anita não queria crescer nunca. Adultos falam uma língua estranha, que ninguém entende. A garota não queria ser obrigada a repetir várias vezes a mesma coisa para que as outras pessoas saibam o que ela diz. Nem se imaginava falando que todos os diazinhos, acordava cedinho para ir ao trabalhinho e depois voltava à sua casinha. Adulto complica tudo!
Para ela, estava de bom tamanho chamar o sol de sol, a rua de rua e o avião de avião. Anita achava o fim ter que colocar inho e inha no fim de cada coisa. Isso ela não fazia e estava muito feliz assim.
Depois de pensar nessas coisas todas, Anita agradeceu a Deus por ser criança e dormiu como um anjo na sua caminha. Quer dizer, na cama onde só havia espaço para ela e os seus sonhos de menina.
* O conto infantil ‘A Língua do Inho’ foi selecionado para publicação pelo 1º Prêmio Literário Línguas&Amigos – Projeto de Incentivo à Leitura 2016, promovido pelo projeto Língua & Amigos e pode ser acessado no site do projeto.
** Leia outro conto infantil do mesmo autor:
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